Já disponível na GloboPlay, Diário de um Confinado traz o cotidiano e suas mudanças durante a pandemia

A partir de amanhã, dia 04/07, todos também poderão acompanhar aos sábados pela TV Globo a série criada pelo ator Bruno Mazzeo e pela diretora artística Joana Jabace (também sua esposa), Diário de um Confinado.

Já disponível na multiplataforma GloboPlay, a série mostra a nova rotina de Murilo, personagem principal da trama: terapia, encontro com os amigos, ligações para a família, consulta médica e tudo dentro de casa.

Uma das curiosidades é que, pelo confinamento, as gravações foram feitas dentro do apartamento do casal, permitindo que eles continuassem com sua vida normalmente, adaptando o trabalho entre os filhos e os afazeres habituais.

No elenco estão nomes de peso, como Arlete Salles, Debora Bloch, Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho, Renata Sorrah e Marcos Caruso.

Fernanda Torres dá vida à Leonor, terapeuta de Murilo, personagem de Bruno Mazzeo.

Hoje, no Programa Encontro, ela falou sobre a estreia do seriado e também da sua participação juntamente ao filho Joaquim.

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Bate-Papo com uma verdadeira Leonor!

Todos os papeis da série têm suas peculiaridades, mas o de Fernanda traz algo inusitado: a terapia on-line.

Então, conversamos com uma “Leonor” da vida real, a Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Comportamento, para sabermos mais sobre essa modalidade.

Como a vida imita a arte e a arte imita a vida, nada melhor do que nos informarmos mais sobre essa prática que pode ter chegado para ficar.

Ellen Moraes Senra

Na série “Diário de um Confinado”, Murilo (Bruno Mazzeo) e Leonor (Fernanda Torres) fazem as sessões de terapia on-line. Como foi pra você, que estava acostumada com o paciente no consultório, se adaptar a esse novo método durante a pandemia?

Ellen M. Senra: Apesar de inusitado, eu já atendia alguns pacientes on-line, algo que o Conselho Federal de Psicologia já havia regulamentado. Então, foi mais uma questão de adaptar o ambiente de casa para o atendimento remoto, o que demandou um certo planejamento

Isso porque eu não tinha um espaço assim preparado, pois quando atendia on-line antes da pandemia, costumava fazê-lo do próprio consultório.

O que é necessário – do profissional e da pessoa – tanto em tecnologia, quanto em disponibilidade, para que a sessão realmente tenha fluidez?

 Ellen: É necessário um ambiente silencioso, uma boa conexão de internet, câmera com uma qualidade razoável e, preferencialmente, fones de ouvido. Privacidade é um fator essencial, assim como a pontualidade.

Em alguns episódios, as sessões são interrompidas ou têm situações inusitadas, como alguém passando ao fundo da tela, pessoas entrando no local e falando algo de forma abrupta, enfim, circunstâncias que não costumam acontecer no consultório. Como você faz para evitar isso e o que aconteceu com você similar durante os atendimentos na quarentena? Como contornar isso da melhor maneira possível?

Com o isolamento, a maioria dos profissionais está enfrentando problemas parecidos.

Bruno Mazzeo durante Diário de um Confinado

Eu, por exemplo, já tive interrupções do meu filho de cinco anos durante a sessão, onde ele queria ver com quem eu estava falando e o que estava fazendo, visto que atendo de fone e ele só ouvia a minha voz.

A realidade é que a pandemia nos obrigou a trabalhar de casa, mas fatores como  as crianças em casa e a presença de terceiros acabam influenciando de ambos os lados.

Eu tento, sempre que possível, evitar o acesso do meu filho ao local que montei para trabalhar, mas como o meu marido não trabalha no estilo home office, nem sempre tem quem o olhe ou o distraia para que eu possa atender sem interrupções.

Por isso, é importante deixar claro para o paciente que tais interrupções podem acontecer de forma que ele tome a decisão se estará confortável ou não. Mas a fim de evitar, o ideal é atender em horários que tenha outra pessoa para tomar conta, principalmente no caso de crianças pequenas (e isso tanto para o psicólogo, como para o paciente).

Mas, ainda assim, outros imprevistos podem acontecer e é importante que paciente e profissional estejam cientes disso.

O seriado mostra Murilo alguns dias bem, em outros muito depressivo, tanto que ele anota os dias de isolamento com riscos no espelho. Como o profissional de psicologia trabalha essa questão da

O personagem usando o computador para conversas com amigos e a terapia

ansiedade, depressão e outros pontos que surgem com o isolamento?

Ellen: Isso vai variar da abordagem com a qual o profissional trabalha, mas uma boa psicoeducação sobre a normalidade dessas oscilações de humor em condições de isolamento se faz essencial. Outra estratégia é o estabelecimento de uma rotina para que os dias não fiquem vazios e sem sentido, além, é claro, de técnicas específicas para lidar com sintomas mais acentuados provenientes da ansiedade, como respiração diafragmática e técnicas de relaxamento.

Você acredita que a terapia on-line será uma prática que permanecerá ativa no pós-pandemia? Por quê?

Ellen: Como já existia antes, acredito que sim, especialmente porque muitas pessoas nem tentavam a alternativa por medo de não se adaptar. Mas agora, que por um longo período essa foi a única maneira possível e muitos sentiram a necessidade de testar, provavelmente fatores como locomoção e tempo serão consideradas para que a modalidade continue em alta.