A necessidade de líderes capazes de enfrentar desafios globais complexos nunca foi tão premente. Roberta Perdomo, especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, aborda essa urgência em seu novo livro, “Eu Não Nasci para Liderar: o Caminho Prático para ir Além da Gestão”. A obra não só desvenda o verdadeiro significado de liderança, mas também proporciona um caminho para quem deseja superar o simples gerenciamento.
Roberta Perdomo, com mais de 15 anos de experiência em Recursos Humanos, conheceu de perto a confusão entre gestão e liderança. Em seu livro, ela desvenda que liderar é uma arte profundamente ligada ao ser, enquanto gerir é uma disciplina ligada ao fazer. Essa distinção é crucial para a construção de um líder que pode inspirar, guiar e empoderar suas equipes, criando um ambiente de crescimento e confiança.
O livro oferece uma série de atividades auxiliares para ajudar os leitores a se conectar com a liderança de maneira mais consciente e empática. Roberta compartilha insights adquiridos ao longo de sua carreira, que inclui colaboração com empresas como Natura &Co, Itaú Unibanco, Scania, RaiaDrogasil e Grupo Tigre.
“Eu Não Nasci para Liderar” é um guia para líderes que desejam fazer mais do que apenas gerenciar: é para aqueles que buscam criar impacto positivo e crescimento mútuo, tanto em suas organizações quanto em suas vidas pessoais. Roberta Perdomo nos mostra que os líderes de que o mundo precisa hoje são autoconscientes, empáticos, facilitadores e guiados por um propósito.
Com sua rica experiência e uma abordagem prática, Roberta oferece aos leitores as ferramentas necessárias para transformarem seus ambientes de trabalho em espaços onde a liderança se traduz em impacto positivo. Este livro é um convite para todos aqueles que desejam ser líderes inspiradores em um mundo em constante mudança.
O que a motivou a escrever “Eu não nasci para liderar” e qual é a principal mensagem que você espera que os leitores levem consigo após a leitura?
Eu escrevi esse livro pois tenho um desejo sincero de ver o mundo repleto de líderes (e pessoas) melhores. A liderança pode ser uma resposta para os problemas que enfrentamos hoje, e se continuarmos olhando liderança somente sob o paradigma da gestão, seguiremos no mesmo lugar. Espero que os leitores levem inspiração e aprendizado, especialmente sobre si mesmos. Espero que saiam da leitura transformados, provocados e com vontade de liderar de um jeito diferente.
Você distingue liderança de gestão no seu livro. Poderia explicar essa diferença e por que é crucial entender esses conceitos no mundo corporativo atual?
A liderança não se relaciona com o cargo que ocupamos em uma organização e sim à nossa postura diante da vida, ao nosso jeito de ser e estar no mundo. Por isso, a liderança está no ser. A gestão por outro lado sim está atrelada ao cargo, à posição e às nossas responsabilidades. Diz respeito aos processos, métodos e rotinas que executamos todos os dias para dar conta do nosso trabalho. Ou seja, está no fazer. As duas coisas precisam caminhar juntas, porém não são sinônimas.
A questão central é que essa confusão entre os dois termos impacta especialmente o engajamento das pessoas, o que causa desmotivação, queda de produtividade e finalmente em resultado financeiro. Ao nos dedicarmos somente às práticas de gestão, perdemos a capacidade de inspirar e influenciar pessoas a darem o seu melhor. O ambiente pode se tornar até tóxico, quando os líderes não estão conscientes das suas atitudes ou quando não escutam as pessoas ao seu redor.
Como você descreveria o perfil ideal de líder que o mundo precisa hoje? E quais são os maiores desafios para os líderes atuais?
Os desafios atuais passam por compreender e se adaptar a um entorno cada vez mais complexo, que vai desde as mudanças climáticas às mudanças tecnológicas. Internamente temos ambientes de trabalho cada vez mais tóxicos e com alta rotatividade e dificuldade de atração de talentos. No livro, trago o olhar interno, sobre como esse líder pode ampliar sua autoconsciência, sua qualidade de presença, sua capacidade de conectar suas atitudes a uma intenção genuína e sua habilidade de escutar seu time.
Ao olhar para si, fica mais fácil cuidar do outro e do negócio, de maneira intencional e com propósito. Ao mesmo tempo, se permitir ser vulnerável e deixar para trás o paradigma do líder herói. Essas são algumas das questões trazidas no livro para provocar reflexão e o despertar para uma nova forma de liderar nossas equipes e organizações.
No seu livro, você fala sobre a importância da autoconsciência para os líderes. Poderia dar alguns exemplos práticos de como os líderes podem cultivar essa qualidade?
A autoconsciência passa por compreender o que estamos experienciando no exato momento presente. E a partir daí podemos escolher como agir e não simplesmente reagir às coisas no piloto automático. Um exemplo prático é exercitar a escuta atenta, genuína, aberta e sem julgamentos. Quando conseguimos fazer isso, estamos ali, totalmente presentes e conectados um ao outro. Outro exemplo prático é o foco no autoconhecimento. Saber quem estamos sendo hoje, quais são nossos valores e motivações mais profundas ampliam muito nossa autoconsciência – inclusive na hora de tomarmos decisões que impactam o negócio e as pessoas.
Você tem vasta experiência em recursos humanos com grandes empresas. Como essas experiências influenciaram as ideias e estratégias apresentadas no livro?
Tudo que trago no livro parte do que aprendi e experimentei nos últimos 20 anos como executiva de RH, coach executiva e facilitadora de aprendizagem corporativa. Nossas experiências moldam nossa forma de pensar e ver o mundo, e comigo não é diferente. O que escrevi tem uma profunda conexão com meus valores, minhas convicções e principalmente com meus erros e acertos. O que vi e vejo nas organizações, os líderes que acompanhei com suas dores e desafios, estão lá na narrativa que escolhi para esse livro.
Poderia compartilhar uma história ou exemplo do livro que ilustre um momento de transformação de um gestor em um líder?
No livro eu trago alguns exemplos meus e de outras pessoas que se percebem atuando no piloto automático ou que estão sobrecarregadas. Em momentos de despertar, essas pessoas escolhem agir diferente, estando mais presentes no dia a dia e delegando mais às suas equipes. Nesses momentos de lucidez, quando olhamos nos olhos do time, quando damos autoridade para que as pessoas tomem decisões, quando somos intencionais nas nossas conversas e decisões, estamos atuando como líderes e não somente como gestores.
Quais são as atividades auxiliares que você inclui ao final de cada capítulo e como elas podem ajudar os leitores a desenvolverem suas habilidades de liderança?
Ao final de cada capítulo trago perguntas para reflexão e em um deles, uma autoavaliação para que o leitor se observe entre o que chamo de líder herói ou facilitador. As reflexões são propositais e têm uma sequência lógica, para que ao final esse leitor chegue mais próximo do seu líder mais autêntico.
No livro, você aborda o tema da autenticidade na liderança. Por que é importante para os líderes serem autênticos e como isso afeta suas equipes?
A autenticidade passa por primeiro saber quem somos. E a partir disso, agir de forma congruente com isso. Quando somos autênticos colocamos a nossa melhor versão à serviço do outro e somos mais capazes de nos conectar e inspirar. As equipes percebem quando os líderes não são verdadeiros ou quando não estão presentes nas conversas e interações.
Como você vê o papel da empatia na liderança e quais são algumas maneiras práticas para os líderes desenvolverem uma maior empatia?
Sem empatia não há diálogo. As conversas ficam “truncadas”. A segurança psicológica diminui e as pessoas desistem de dizer o que pensam e até de arriscar e ousar com medo das consequências. O primeiro passo para desenvolver a empatia é suspender nossos julgamentos sobre as outras pessoas. Isso passa por uma mudança profunda de como nos relacionamos com as pessoas. Nós julgamos, é normal, mas se formos capazes de desapegar de tudo que pensamos sobre o outro? O que muda nas nossas relações? Pois eu digo que muda tudo. Suspender nossos julgamentos não significa que devo aceitar ou concordar com tudo que os outros dizem e fazem. Isso seria passividade ou submissão.
Suspender nossos julgamentos significa que apesar do que pensamos, essa pessoa merece respeito e merece ser escutada. Significa acreditar que cada pessoa é única e tem sua própria visão sobre as coisas – e que pode ser diferente da minha. Isso muda o jogo, e é o que nos faz aprender a sermos mais empáticos. É difícil, é uma tarefa para toda vida. Mas é isso que fará a diferença na construção de confiança nas equipes e organizações.
Finalmente, que conselho você daria para alguém que não se vê como líder, mas que, de acordo com o seu livro, tem potencial para se tornar um?
Deixe de lado a crença de que liderança não é para você. Provavelmente, você tem alguma referência ruim ou um modelo que parece inalcançável. Você pode liderar do seu jeito, sem precisar ser o que não é. O primeiro passo é aprender um pouco mais sobre você mesmo.
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