Como você começou sua carreira?
Comecei minha carreira em 1977 com 5 anos de idade, através do meu tio. Minha mãe havia me levado ao médico porque eu era muito agitado e o médico indicou o judô como uma atividade física e disciplinar
O que você acha que fez você chegar onde chegou?
Eu creio que foram diversos fatores; primeiro eu gostei muito do judô como esporte e também todo apoio que eu tive dos meus pais, afinal nós éramos de uma família muito simples e não tínhamos muitas oportunidades. Por isso abraçamos a causa sob a direção do sensei Yamamoto na zona norte de São Paulo, onde todo começou.
Durante a minha adolescência, sempre fui um atleta sem muitos resultados expressivos e por isso não tinha motivação em ser um grande campeão, o que me motivava era que eu gostava de lutar e competir.
As maiores emoções e conquista?
Minha maior emoção foi poder ganhar uma medalha na olimpíada de Atlanta em 1996 e representar o Brasil em maus duas olimpíadas que foram em 2000 na korea e 2004 em Atenas. Tive outras grandes emoções também, como quando fui vice campeão do mundo e medalhista na copa Gigoro Kano no Japão, além de grandes resultados em Grand slams na Europa.
As maiores decepções?
Dentro do esporte você passa por diversas decepções e frustrações, onde é possível aprender a lidar com as situações, principalmente do que está além do seu controle. Por exemplo, na minha época não bastava você ser o melhor da categoria para viajar. Era necessário ter condições financeiras de pagar por tudo e muitas vezes eu não pude viajar por não ter condições, já que nas época da ditadura do presidente da CBJ, joaquim Mamede, não havia apoio para todos atletas.
Sonhos realizados e que ainda deseja?
Meu maior sonho é ter constituído uma família maravilhosa e meu principal sonho é poder passar adiante, tudo que aprendi no judô, não só na parte técnica mas também na vida, podendo assim ajudar a comunidade e o ser humano em geral, principalmente através dos projetos sociais que desenvolvi.
Maior dificuldade no processo para chegar onde você chegou?
As seletivas para classificatória para seleção era as maiores dificuldades pois muitas vezes você tinha que lutar diversas vezes com os mesmos lutadores para ganhar sua vaga e poder viajar se tornando mais difícil que uma própria olimpíada. Muitas vezes durante os campeonatos internacionais o atleta classificava o Brasil para um mundial ou pan-americano, mas depois tinha que lutar muito para poder ser classificar individualmente para poder competir na vaga que você havia adquirido para o país. Era um processo desgastante mas também muito importante na minha carreira.
Algum momento pensou em desistir? E o que fez para reverter?
Pensei em desistir na minha adolescência , talvez como todos jovens que em algum momento pensam em desistir de alguma coisa na vida, talvez pelo fato de ter iniciado muito novo, chegou uma fase que comecei a ter vida social, me interessar em arrumar uma namoradinha e isso me trouxe algumas inseguranças e aí entrou a força da minha mãe em me obrigar a fazer o certo e fez com que eu chegasse onde cheguei. Hoje agradeço minha mãe em não ter deixado eu fazer o que eu queria e sim me fazer o que eu deveria e com certeza fez toda a diferença na minha carreira.
Quem foi seus maiores incentivados?
Minha família toda me incentivou muito, além do sensei Yamamoto, Sergio Pessoa e a Solange Pessoa (que ajudaram a me lapidar como atleta) o sensei Onodera, que até passagens ele chegou a pagar para que eu pudesse viajar. Meus patrocinadores, o sr Benildo da dragao kimonos que me deu meu primeiro kimono para eu viajar e sempre me ajudou muito.
Alguma cena engraçada que você pudesse compartilhar?
O Sr Benildo da Dragao kimonos me dava 10 kimonos toda vez que eu viajava para a Argentina, Uruguai e eu os vendia, pois eram muito desejados pelos países vizinhos, em função de sua qualidade.
Isso gerava uma boa receita, para me ajudar na viagem.
Onde pretende chegar ou já se sente completo?
Como atleta me sinto completo, afinal atingi tudo que almejava.
Que conselho daria os leitores que estão começando?
Primeiramente poderia dividir em duas etapas; aos pais aconselho serem rígidos e apoiar seus filhos na medida do possível, principalmente quando a criança é nova pois ela não tem discernimento para diferenciar o certo do errado, e muitas vezes segue sua vontade, que nem sempre é a melhor escolha.
E para os jovens, que se dediquem aos treinos independente dos resultados, pois sou a prova viva de que só tive grandes resultados depois de adulto, por isso não desista, persista.
Se você tivesse 45 dias de vida o que você faria?
Ficaria mais próximo da minha família e curtiria meus filhos e as pessoas que eu amo e me acertaria com as pessoas que errei.
Uma história de vitória muitas vezes é como uma obra; pode não começar como você deseja, mas de tijolo em tijolo você consegue finalizar umas grande obra.
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